Foi no Craiglist que achei um anúncio bem tímido de uma casa. Tinha uma foto pequena do portão da casa, nada que me chamasse a atenção, mas no desespero que estávamos valia tudo. Entrei em contato com o telefone e me informaram que a casa estaria disponível para visita em alguns dias, quando o inquilino estivesse de saída.
Neste intervalo de tempo um senhor me ligou e fez várias perguntas sobre a gente, sobre nossa situação financeira, sobre o trabalho do meu marido. Eu vi aquilo de maneira positiva, como se o proprietário quisesse escolher bem quem iria ocupar a casa.
Finalmente fomos visitar. A localização era excelente! No bairro que queríamos – Uptown – em uma área livre de enchente e com taxa de crime zero, perto de vários restaurantes. Estava a um quarteirão da St. Charles, a rua mais charmosa da cidade e aonde passa o bondinho, o que seria excelente, pois sendo próximo de transporte público não precisaríamos comprar outro carro.
A casa em si não era exatamente o que tínhamos em mente, mas atendia a maioria nas nossas necessidades. Além da excelente localização, a gente gostou da casa ser reformada, era tudo novinho, bonitinho e não tinha carpete, o que era fundamental para mim, em função de eu ter alergia. A casa também tinha uma drive-way (não é uma garagem, mas é um espaço na calçada perto da casa em que você pode estacionar o carro).
Mas tinham vários pontos negativos, o principal deles era que esta era uma dessas casas que eles dividem em várias para transformar-la em investimento. Esta casa tinha 2 andares: o primeiro andar, que inicialmente era o sótão, foi transformado em 2 apartamentos: um deles era o apartamento do proprietário e o outro eles alugavam para estudantes. Pelo menos os proprietários não moravam ali. Eles moravam na Flórida e informaram que iam para lá esporadicamente, para um festival de jazz, passar uns dias e iam embora. Nós ficariamos com o segundo andar todo para a gente, que era composto de 2 suítes, uma sala de estar, uma outra sala enorme, lavanderia e cozinha. O layout não me agradava muito, pois cada quarto era em um canto da casa, você tinha que atravessar a cozinha para ir a um dos quartos. Os closets também eram bem pequenos e com poucas gavetas. Outras coisas não me agradaram também: o closet ficava depois do banheiro e eu vi ali um risco de dar mofo, mas tudo bem. Por último eu ODIEI o quintal com todas as minhas forças. Era pequeno, feio, escuro, mal tratado e ainda tinha uma pilha de tijolos que eu eu perguntei se eles iriam retirar dali e eles falarm que não, que eles iriam utilizar aqueles tijolos posteriormente. Além de tudo, a casa tinha 2 quartos e estávamos procurando uma casa de 3 quartos, pois precisávamos de um quarto de hóspedes para receber a família e os amigos e estava nos nossos planos ter um bebê.
Sinceramente, não morri de amores pela casa, eu não escolheria aquele lugar para morar nas condições normais de temperatura e pressão, mas àquela altura do campeonato, eu já estava cansada de procurar casa – já tinha visitado 33 propriedades, nosso prazo do aluguel do apartamento temporário estava acabando. Aquela casa não era de todo ruim e o valor do aluguel cabia no nosso bolso. Olhamos um para o outro e tomamos a decisão de ficar com aquela casa naquela visita mesmo.
Rolou uma certa insegurança, pois ainda não era o que queríamos, mas ao mesmo tempo rolou um alívio, pois pelo menos aquela casa era habitável e pagável. O próximo paso seria avisar a empresa e fazer todo o processo para estabelecer o Rental Agreement (o contrato de aluguel).